quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fora Ricardo Teixeira

Há um mês, em entrevista à revista “Piauí”, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou não temer as denúncias de irregularidades em sua gestão noticiadas por diversos veículos porque elas são ignoradas pela Globo. “Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no ‘Jornal Nacional’”, disse à repórter Daniela Pinheiro.
Esta e outras declarações, nas quais Teixeira sugere que a Globo não é apenas parceira comercial, mas também no noticiário, não mereceram até hoje um repúdio formal da emissora.
Excluindo as manifestações em caráter pessoal do narrador Milton Leite e do ex-árbitro Renato Marsiglia, por quase um mês reinou um “silêncio ensurdecedor” na Globo.
Até que no sábado, 31 de julho, a emissora mostrou imagens (foto ao lado) de uma passeata que pede a saída de Teixeira do comando da CBF. O “descongelamento” ocorreu no “Jornal Nacional”, depois de uma reportagem de quase três minutos sobre o sorteio das chaves para a Copa do Mundo, realizado naquela tarde, no Rio de Janeiro.
Teixeira surgiu no meio da reportagem seguinte, dedicada a “verificar como o Rio se comporta em grandes eventos internacionais”. Por pouco mais de 20 segundos, de um total de dois minutos, o repórter Helter Duarte falou dos protestos contra Ricardo Teixeira e contra os gastos para realizar a Copa que ocorreram na cidade naquele dia.
Na terça-feira, 2 de agosto, o “fora Ricardo Teixeira” foi mencionado em outro noticiário, o programa “Redação SporTV”, no canal pago especializado em esportes do grupo. Entrevistado pelo apresentador Andre Rizek, o jornalista inglês Tim Vickery mencionou a campanha.
A passagem do programa em que Vickery e Rizek falam de Teixeira e de um movimento semelhante para afastar o cartola argentino Julio Grondona não consta, porém, do catálogo de dez vídeos disponíveis para o público, no site do “Redação SporTV”.
por Mauricio Stycer às 13:26
02/08/2011

Datena encena show de baixarias com Rafinha e Marco Luque no “CQC”

Três dias depois de se despedir da Record, o apresentador José Luiz Datena ressurgiu na tela da Band, que havia abandonado dois meses atrás, no papel de “apresentador convidado” do “CQC”.
Datena dividiu a bancada dos apresentadores com Rafinha Bastos e Marco Luque nos primeiros 50 minutos do programa, substituindo o titular, Marcelo Tas, que machucou a mandíbula num acidente.
O apresentador riu uma dezena de vezes da própria instabilidade profissional. “Está começando o ‘CQC’ na… Que televisão é essa?” Foi ajudado por Rafinha: “Você mudou cinco vezes de televisão, mas essa é a Band”. Datena: “Band? Não é a Globo? Não é a Record?” Rafinha: “A gente tem medo que o Datena mude de emissora no meio do programa.”
Datena também fez piada com a sua cara-metade nos programas vespertinos, o comandante Hamilton, piloto de helicóptero, que trocou a Band pela Record – e, até onde se sabe, ainda está lá. “Comandante Crenilton, onde estaria o Marcelo Tas?”, perguntou.
Mas a sua participação no “CQC” será mesmo lembrada pelo show de baixarias que protagonizou ao lado de Rafinha e Luque. Ao anunciar uma reportagem sobre planos de saúdes para idosos, tripudiou: “Plano de saúde para idosos? Atenção. A gente tinha que dar esta matéria em primeiro lugar. Porque os idosos será que agüentam até o final do programa?”
Depois que a reportagem sobre planos de saúde foi exibida, Datena fez discurso de apresentador do “Cidade Alerta” – ou do “Brasil Urgente”, dependendo de onde ele estiver na semana que vem. “Esses planos de saúde são ou não são uma verdadeira sacanagem? Ferra o velho de cima a baixo. O velho tá na privada pelo plano público e tá na privada pelo plano privado”.
Sabe-se lá como a conversa na bancada evoluiu para exame de próstata. “Eu fiz essa semana”, informou Datena. “O dedo do cara tinha o dobro desse lápis”, disse, sobre o médico que o examinou. “De largura?”, quis saber Luque. “Vamos mudar de assunto”, achou melhor Datena.
Na volta de um intervalo comercial, ele disse: “Eu pensava que ia voltar pra cá com moral, me botaram pra tapar buraco”, disse Datena. “Não é qualquer buraco, não. É o buraquinho do Marcelo Tas”, respondeu Luque.
“Danilo Gentili e Felipe Andreoli foram atrás do Kassab. Atrás?”, insistiu Datena, enfatizando o duplo sentido do próprio comentário, ao apresentar uma reportagem sobre assinaturas para o registro do PSD, partido do prefeito de São Paulo, que a Justiça Eleitoral identificou como falsos.
Ao anunciarem um quadro com Renata Fan, apresentadora de um programa esportivo na Band, Rafinha e Datena se superaram. “Já comi muito”, disse Rafinha. “Só na minha imaginação”, emendou. “Eu não, mas gostaria”, acrescentou Datena
Ao se despedir do público, o apresentador foi festejado calorosamente por seus colegas de bancada. “Chupa Record!”, gritou Rafinha.. “Ele é o nosso Bruce Wayne”, elogiou Luque. “Tenho que deixá-los”, encerrou Datena, mais com cara de Coringa do que de Batman, a noitada inesquecível.
por Mauricio Stycer às 02:01
01/08/2011

Por que “Modern Family” se destaca no oceano de séries da TV


Se a televisão brasileira ainda engatinha na produção de seriados, nos Estados Unidos o problema é o excesso de oferta e, em consequência, a dificuldade que o espectador enfrenta para separar o joio do trigo.
Tanto na categoria “drama” quanto na de “comédia” há poucos seriados realmente originais ou dignos de nota. “Modern Family”, cuja segunda temporada começa a ser exibida nesta segunda-feira no Brasil, no canal pago Fox, às 22h, é um destes.
A típica família americana, de classe média, provinciana e cafona, já foi tema de dezenas, talvez centenas, de programas. “Mordern Family” conseguiu a façanha de se distinguir por alguns motivos.
Em primeiro lugar, a estrutura da série. Três famílias interligadas por laços de parentesco narram as suas peripécias como se fossem personagens de um documentário. Paralela à ação, os “depoimentos” ajudam a definir os tipos e dão um ritmo especial à narrativa.
Em segundo lugar, uma combinação interessante de personagens. Centro da história, o patriarca da família, Jay Pritchett, está casado com uma colombiana 20 ou 30 anos mais jovem, Gloria, mãe de um garoto, Manny, que mora com eles.
Um dos filhos de Jay, Mitchell, é gay, casou-se com o companheiro, Cameron, e cria uma criança vietnamita, que eles adotaram. A outra filha, Claire, é casada com um corretor de imóveis, Phil Dunphy, com quem tem três filhos adolescentes, Haley, Alex e Luke.
Cada episódio explora duas ou três dificuldades diferentes que surgem nas relações entre pais e filhos, nos vários níveis que esta estrutura familiar oferece. Conflito de gerações, homossexualidade, preconceitos raciais e étnicos, rotina no casamento, crise profissional, adolescência, relação pai e filho, mãe e filha etc.
Maior destaque no elenco, o ator Ed O’Neill dá um show como o divertido e conservador Jay Pritchett. O ator “emprestou” ao personagem alguns cacoetes do vendedor de sapatos Al Bundy, que ele próprio encarnou por mais de uma década, entre 1987 e 1997, na série “Married With Children”.
Roteiro e diálogos ótimos completam a lista de qualidades de “Modern Family”, mas esta é uma marca até mesmo das séries pouco interessantes.
A primeira temporada está disponível em DVD no Brasil. A segunda, que começa a ser exibida agora, foi indicada para 17 prêmios Emmy. E a terceira começa a ser exibida nos Estados Unidos em setembro.
por Mauricio Stycer às 16:23

Maior missão do Capitão América é ajudar a reerguer a economia americana

É uma grande ironia que “Capitão América: O Primeiro Vingador” chegue às telas no Brasil na mesma semana em que os Estados Unidos se viram na iminência de dar um calote de consequências catastróficas para a economia mundial.
O personagem da Marvel, como se sabe, é o retrato mais bem acabado da crença americana nos superpoderes do país. Criado em 1941, o supersoldado irradia otimismo e patriotismo na luta dos Estados Unidos contra o “Eixo do Mal”, então encarnado por Hitler e seus aliados.
O novo filme reconta a história em detalhes, desde o início, mostrando a luta do franzino Steve Rogers (Chris Evans) para se alistar no Exército. Repetidamente recusado por conta de seu histórico de doenças e o físico de criança, ele é finalmente escolhido por um cientista para se submeter ao experimento que o transformará.
Usado inicialmente para estimular o recrutamento de soldados, logo o Capitão América vai se engajar na luta contra a Hidra, uma organização criminosa, surgida sob as asas do nazismo, mas que age de forma independente, sob a liderança do vilão Schmidt (Hugo Weaving).
O filme já passa da metade quando, finalmente, começa a ação. Quem resistiu até aí, será recompensado com todo o divertimento possível. Com a ajuda exclusiva de seu escudo mítico, o Capitão América engaja-se em lutas incríveis, primeiro resgatando centenas de soldados americanos das garras do vilão, em seguida destruindo as diferentes fábricas de armas do inimigo.
O filme que acaba de estrear é uma longa – e muitas vezes tediosa – atualização da história com vistas ao grande lançamento de 2012, “Os Vingadores”, que vai reunir os principais heróis da Marvel.
É justamente esta atualização que causa estranhamento. Onde será a próxima missão do Capitão América? No Iraque? No Paquistão? Hoje ele é mais necessário no próprio país, e sua principal missão parece ser ajudar a reerguer a economia americana. Os primeiros números da bilheteria sugerem que a missão está sendo cumprida.
Em tempo: Ficha técnica, fotos, trailer e uma crítica do filme podem ser vistos aqui, no UOL Cinema. Leia  uma entrevista exclusiva com Chris Evans (“Adoro vestir o uniforme, nunca mais quero tirá-lo” ) e também cinco fatos curiosos sobre o filme.
por Mauricio Stycer às 10:49
31/07/2011

Sem o apoio dos jogadores, João Sorrisão seria apenas uma ideia cretina

As gracinhas de Tadeu Schmidt no “Fantástico”, as piadas de Tiago Leifert no “Globo Esporte” e o João Sorrisão no “Esporte Espetacular” são sinais evidentes de uma mudança de postura, mas não necessariamente de rumo, do jornalismo esportivo da Rede Globo.
Os índices de audiência e as pesquisas internas devem estar corroborando estas iniciativas. O seu impacto, porém, ainda não está claro e é motivo de muita discussão entre jornalistas e, também, estudantes de jornalismo.
Já fui questionado diversas vezes, em palestras com estudantes, sobre o que penso. Também já escrevi alguns textos a respeito. Recentemente, o jornalista Felipe Paranhos me procurou para falar sobre o assunto. A reportagem, que inclui uma opinião minha, foi publicada na revista eletrônica “Só”.
Com o consentimento de Paranhos, publico abaixo a íntegra da nossa conversa, ao longo da qual, acho, consigo esclarecer algumas coisas que penso sobre o tema:
Como você analisa a forma com que a Globo conduz a cobertura esportiva atualmente, menos calcada no jornalismo e mais ligada ao entretenimento, com gracejos e piadinhas?
Discordo que a cobertura esportiva da Globo seja “menos calcada no jornalismo e mais ligada ao entretenimento”. Acho que é possível fazer bom jornalismo com bom humor. Lamento, de fato, que a emissora esteja dando menos atenção do que poderia aos diferentes bastidores relacionados à Copa do Mundo de 2014, CBF, Ricardo Teixeira e Fifa. Se Tiago Leifert apresentar, por exemplo, uma reportagem sobre a repercussão das declarações de Teixeira à revista “Piauí”, não me importa se faça isso com ou sem humor, fazendo ou não gracinhas.
Me parece que, ao menos nessa tendência atual da Globo, Tadeu Schmidt foi quem primeiro conseguiu conquistar o público, fazendo com que a emissora replicasse o formato “novos gols do Fantástico” para os outros programas esportivos da TV. E já há clones até nas rivais, como o quadro “Isso é Dantesco”, da Band. A tendência ao esporte como entretenimento pode matar o jornalismo esportivo na TV aberta?
A transmissão de uma partida é um evento complexo porque mistura, de fato, entretenimento e jornalismo. O narrador, acredito, tem mesmo uma função de “animador”, mas precisa ser auxiliado por jornalistas, que trazem informação. O segredo é manter equilibrada estas duas, vamos chamar assim, “porções” do espetáculo. Da mesma forma, não vejo problema na apresentação dos gols em forma de “show”, como faz Tadeu Schmidt, no “Fantástico”. Acho chatíssimo, mas não vejo comprometimento da informação. O problema, na minha opinião, ocorre quando a informação é deixada de lado, e prevalece apenas o entretenimento, por força de algum motivo externo que desconhecemos.
Você disse no post do João Sorrisão que a rápida resposta dos jogadores à promoção do “Esporte Espetacular” demonstra o poder de alcance da Globo. Essa semana, a Glenda criticou, no tom de brincadeira/jocoso de todos os esportivos da TV, o fato de Rivaldo ter rejeitado comemorar como o joão-bobo. Essa política, aliada ao fato de que muitos torcedores não gostariam de ver os gols do seu time comemorados do mesmo jeito, pode se voltar contra a Globo de que jeito?
Escrevi um texto sobre isso. A Globo não tem culpa alguma se um número considerável de jogadores atendeu sua sugestão e está comemorando os gols imitando o João Sorrisão. Acho a ideia cretina, mas todos nós já tivemos ideias cretinas na vida. O problema, acho, vai ocorrer se este tipo de comemoração se tornar hegemônico. Já imaginou os gols da rodada, exibidos no Fantástico, sendo comemorados, todos, como João Sorrisão? Seria um tédio…
por Mauricio Stycer às 15:26
30/07/2011

Nem Galvão consegue dar emoção a um evento soporífero

Qual pode ser o interesse de um sorteio das chaves em que jogarão quase 200 países, de cinco continentes, candidatos a uma vaga na Copa do Mundo? Próximo de zero, eu diria. Até explicar o evento parece complicado.
Para a Fifa, transformar um evento burocrático como este “sorteio preliminar” num espetáculo midiático serve exclusivamente a propósitos de marketing, divulgação de marcas e negócios.
Ao custo de R$ 30 milhões, assumidos pelo governo do Estado e a Prefeitura do Rio, o Comitê Organizador da Copa de 2014 delegou a uma empresa das Organizações Globo a tarefa de dar cores a um negócio que tinha tudo para ser chatíssimo. E foi.
Fernanda Lima e Tadeu Schmidt, do cast da emissora, foram os mestres de cerimônia. O apresentador do “Fantástico” cometeu a maior gafe da tarde ao chamar Ronaldo de Romário. Este último, hoje deputado federal, tem feito críticas aos gastos excessivos da Copa de 2014.
Os shows de Ivan Lins e Ana Carolina, Ivete Sangalo, Orquestra de Heliópolis e Daniel Jobim foram programados para quebrar a monotonia da cerimônia, assim como as entrevistas com ex-jogadores. Não cumpriram o objetivo, mas adicionaram cafonice à tarde.
Como não poderia deixar de ser, a festa foi transmitida ao vivo pela Globo, que escalou Galvão Bueno para “narrar”, além de Junior e Casagrande para “comentar”. Galvão tentou ser didático, explicando o sentido do incompreensível sorteio das chaves da África, entre outras espinhos que encontrou pelo caminho. Mas nem ele, o mestre maior, conseguiu dar emoção a um evento soporífero.
Fotos: AFP
por Mauricio Stycer às 18:01
29/07/2011

Datena fala em dar “porrada” no diretor do Ibope

“Nem no intervalo comercial das outras emissoras, Montenegro? Você tá louco? Daqui a pouco é porrada pra todo lado, hein!” A reclamação de José Luiz Datena dirige-se a Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, e diz respeito aos frustrantes números de audiência de seu programa, “Cidade Alerta”, na Record.
O desabafo ocorreu no meio do programa de quarta-feira. E não foi o primeiro.Ironizando, Datena contou: “Um dia, o presidente do Ibope chegou pra mim e disse: ‘Datena, toda vez que você mete o pau em mim, meus filhos choram na escola’. E os meus, eu falei pra ele, choram quando você não me dá os pontos que eu tenho direito. Os meus querem arroz e feijão do mesmo jeito que os seus”.
O apresentador completou o seu comentário com uma bravata tradicional: “E é o seguinte, velho: aqui, pode ser autoridade, pode comandar o Ibope, pode ser o que for. Andou errado, leva porrada!”
E assim se encerra mais um momento de esplendor e glória da televisão brasileira.
Em tempo: O colunista Flavio Ricco, do UOL, informou na tarde de sexta-feira que Datena está deixando a Record, provavelmente para voltar à Band. No último programa, o apresentador despediu-se dos espectadores com um “até um dia”.
por Mauricio Stycer às 10:56
28/07/2011

“Assalto ao Banco Central” é um filme de ação sem ação nem informação

Em cartaz nas melhores salas do país, “Assalto ao Banco Central” conta a história de um grupo de criminosos reunidos para organizar um roubo genial. A edição mescla cenas da preparação com detalhes do que aconteceu depois –a perseguição que sofreram por parte de um delegado da Polícia Federal e sua assistente, além da extorsão praticada por dois policiais corruptos.
Histórias sobre grandes golpes ou assaltos geniais formam um subgênero, dentro de “filmes de ação”, em Hollywood. Há dezenas e dezenas de bons títulos com este mote à disposição do público. Marcos Paulo poderia ter usado qualquer um como inspiração para o seu “Assalto ao Banco Central”. Se usou, não dá para notar.
A opção de alternar presente e passado com agilidade acaba com qualquer possibilidade de suspense. A ação, em si, também dilui-se, transformando “Assalto ao Banco Central” num raro filme de ação sem ação.
Já que abriu mão do suspense e da ação, seria justo imaginar que Marcos Paulo ambicionasse fazer um thriller psicológico ou político, disposto a desvendar a alma dos seus assaltantes, ou expor as mazelas da polícia, do crime organizado e do país. Nada disso também se vê na tela, além da caricatura.
Ironia e humor também são matérias ignoradas ou tratadas com mão pesada. A relação da investigadora (Giulia Gam) com outra mulher é um tema paralelo, incluído de forma grosseira no filme. O estilo “old school” do delegado (Lima Duarte) até tem alguma graça, mas o ator desperdiça as melhores frases com uma interpretação no piloto-automático.
O diretor não tinha, de fato, obrigação de ser fiel aos acontecimentos relacionados ao maior assalto da história do Brasil. Mas a sua versão, além de pobre, está longe de produzir bom entretenimento.
O único mérito de “Assalto ao Banco Central” é despertar a curiosidade para o que, de fato, ocorreu. Recomendo, neste caso, o livro “Toupeira”, do ex-investigador da Polícia Civil de São Paulo, hoje advogado, Roger Franchini.
Com base nos autos do processo aberto em Fortaleza, nos diferentes depoimentos e nas informações que recolheu pessoalmente, Franchini descreve uma história impressionante e aterradora.
Em primeiro lugar, mostra claramente o papel da organização PCC na montagem da operação. Descreve em detalhes como foi feito o assalto, aponta os erros dos criminosos e, especialmente, torna pública a versão dos condenados sobre as diferentes extorsões que sofreram.
Franchini conta que, até 2008, 122 pessoas foram presas, outras 120 foram denunciadas e 18 foram condenadas. Dois acusados morreram antes da sentença, “em circunstâncias que envolviam sequestros por policiais civis ou militares”. Dos R$ 170 milhões roubados em 5 de agosto de 2005, apenas 35% foram recuperados.
Enfim, um roteiro muito mais interessante e com mais suspense do que o de “Assalto ao Banco Central”.
Em tempo: Este texto foi publicado originalmente no UOL Notícias, onde você pode encontrar links relacionados ao assalto. Trailer, fotos, ficha técnica e outra crítica podem ser vistos aqui no UOL Cinema.
por Mauricio Stycer às 10:15
26/07/2011

Surpreendente seria o “Pânico” não tentar invadir funeral de Amy Winehouse

Daniel Zukerman, o Impostor do “Pânico na TV!”, e André Machado, produtor do programa, foram fotografados no funeral da cantora Amy Winehouse em Londres, nesta terça-feira. Apresentados como assessores ou amigos de Amy, os dois aparecem chorando em imagens de diversas agências internacionais. A cerimônia era restrita a família e amigos da cantora.
Allan Rapp, diretor do programa, comemorou no Twitter: “Tropa De Elite osso duro de roer, aqui é #PanicoNaTv Maluko!!!”. Fãs do “Pânico” também festejaram mais esta “invasão” internacional – já havia ocorrido algo semelhante nos funerais de Michael Jackson, em 2009.
“Invasão de privacidade”, “desrespeito”, “limite ultrapassado”. A crítica à ação dos comediantes repetiu esta argumentação. Acho inútil discutir o assunto por este caminho. Não vejo como estabelecer um critério para o que é aceitável ou não em matéria de invasão de privacidade.
Como outros programas, no Brasil e fora, o “Pânico” se alimenta deste desejo incontrolável de fama, vontade de aparecer e ausência total de pudores em relação à privacidade que as pessoas manifestam. Expostas ao ridículo, concordam em aparecer e não reclamam. Ao contrário, parecem ter prazer nisso.
Amy Winehouse foi uma personagem típica desta era que vivemos. Pra além do seu talento musical, fez da sua vida uma revista marrom aberta, sem demonstrar muito incômodo com isso. Foi a alegria dos paparazzi por anos. Apareceu publicamente das piores formas possíveis. Transformou a sua vida num reality show macabro e vulgar.
Acho que faz todo o sentido, chega a ser previsível, um programa como o “Pânico” querer “invadir” os funerais de Michael Jackson ou Amy Winehouse. Surpreendente seria se não tentasse.
Em tempo: Mais informações sobre a invasão podem ser lidas aqui.
Foto: Reuters
por Mauricio Stycer às 16:09
25/07/2011

Arlindo Silva e a “habilidade” de Silvio Santos na cozinha

“A Fantástica História de Silvio Santos” é, até hoje, dez anos depois de publicada, a principal fonte de informação sobre o empresário e apresentador. Esgotado, o livro é facilmente encontrado em sebos. O autor, Arlindo Silva, trabalhou com Silvio, seja como seu assessor, seja no departamento de jornalismo do grupo, por mais de 30 anos.
A morte de Arlindo Silva, aos 87 anos, neste domingo, me levou de volta a seu trabalho mais conhecido. Como toda “biografia oficial”, o livro é abertamente generoso com Silvio, mas riquíssimo em informações sobre os primeiros passos do apresentador e a sua transformação no “homem do Baú”.
Antes de conhecer Silvio, Arlindo Silva cumpriu uma longa carreira em “O Cruzeiro”, a primeira grande revista semanal brasileira. Foi contratado por Silvio depois de entrevistá-lo para a publicação – um procedimento que o empresário repetiu mais de uma vez com outros jornalistas.
Folheando “A Fantástica História de Silvio Santos”, reli várias passagens que sublinhei na primeira leitura. Uma delas me fez rir. É um pequeno trecho do detalhado relato que Arlindo faz da mal-sucedida participação de Silvio na campanha para a Prefeitura de São Paulo, em 1988. Fugindo dos políticos que o assediavam, o apresentador foi a Nova York, escreve Arlindo:
Silvio e a esposa Iris estavam hospedados em um flat perto do Central Park, em Nova York. Ali o empresário gostava de exercitar seu hobby de cozinheiro, preparando pratos semiprontos, como pizzas, tortas e panquecas. Aliás, essa habilidade culinária ele sempre praticou, preparando bifes com ovos e queijo no seu camarim no teatro, nos intervalos das gravações.
Só mesmo uma pessoa muito próxima de Silvio poderia nos revelar, com tamanha graça e elegância, que a grande “habilidade” do patrão na cozinha era esquentar pratos semiprontos.

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